Paraíba amplia oferta de trabalho em cidades polo e fora do eixo João Pessoa-Campina Grande

A expansão do turismo na Costa do Conde, Litoral sul da Paraíba, abriu oportunidade de emprego para Ana Kaline Araújo, 30 anos, que estava no banco de espera do Senac, em João Pessoa, depois de fazer uma série de cursos profissionalizantes, inclusive uma pós-graduação na área. Mesmo com um currículo invejável, nenhum hotel ou pousada da capital a contratou. Somente com a inauguração do Mussulo, em 2009, primeiro hotel resort da Paraíba, no Conde, Ana Kaline ganhou sua oportunidade com progressão na carreira.

“A princípio, a vaga era para um cargo de camareira, mas o resort estava precisando de uma pessoa que se vestisse de baiana e vendesse tapioca em certo período. Agarrei essa oportunidade e não parei mais de crescer. Após essa experiência fui auxiliar de garçom, depois de três meses na função fui novamente promovida para garçonete e, no último mês, cheguei ao cargo de supervisora de equipes do restaurante do resort”, detalha Ana Kaline, que aponta o município como boa perspectiva de emprego no setor turístico nos próximos anos. “É preciso se preparar para as oportunidades”, aconselha.

As cidades do Litoral sul paraibano não despontam apenas na vocação para o turismo, deverá concentrar o polo cimenteiro com as três novas fábricas que serão construídas no Conde e Pitimbu, mas continuará expandindo a construção civil no setor hoteleiro. Já as cidades polos como Patos, Cajazeiras, Guarabira não ficam atrás nos novos negócios que estão surgindo e demandam vagas no comércio, setor de serviços, na indústria da construção civil e avicultura, enquanto a cidade de Bananeiras, no Brejo paraibano, aproveita o clima frio e os incentivos fiscais do município para expandir condomínios residenciais de luxo, rede hoteleira e a gastronomia regional. O município atrai potencial de consumo de alta renda de João Pessoa, Campina Grande e, principalmente, dos potiguares, que estão investindo em imóveis na cidade. Bananeiras já tem o primeiro campo de golf oficial da Paraíba.

O secretário de Turismo da prefeitura do Conde, Saulo Barreto, revelou que nos próximos dois anos o município terá a abertura de mais um resort, a instalação de duas fábricas de cimento e de alguns hotéis de menor porte. “Serão abertos cinco mil novos postos diretos e indiretos no município. Atualmente, o Conde é considerado o polo turístico de maior expansão na Paraíba não apenas pela beleza das suas praias, mas pelo número de empreendimentos que estamos atraindo a cada ano. Outra forte vocação do município será a indústria de cimento nos próximos anos. Temos no distrito de Caxitu uma forte concentração de calcário. A chegada de duas indústrias de cimento (Elizabeth e Cimpor) vai potencializar ainda mais o mercado de trabalho na região”, revelou.

Um dos termômetros para explicar o crescimento de oportunidades de emprego e dos negócios é o consumo. O interior da Paraíba vem crescendo nesse item acima dos dois principais centros do Estado. Em 2011, a pesquisa do IPC Maps, que mede o potencial de consumo, revela que cidades como Caaporã (26,25%), Conde (20,2%), Guarabira (20,1%), Cajazeiras (16,73%) e Patos (12,19%) vão crescer acima da média de João Pessoa (10,2%) e Campina Grande (9,2%).

No Sertão, as oportunidades de empregos e negócios estão surgindo em algumas cidades polos. O crescimento de poder de compra, elevação do crédito para a construção civil e chegada de faculdades públicas e privadas estão transformando a perspectiva da cidade polo de Cajazeiras, estrategicamente bem localizada, no Alto Sertão da Paraíba, mas que faz divisa com o Estado do Ceará e polariza uma série de municípios.

“Grupos como o Atacadão Rio do Peixe e Cavalcanti Primo nasceram nessa cidade que possui uma vocação empreendedora e forte berço cultural no Estado com o padre Rolim”, lembra o pesquisador e professor de administração de empresas Paulo Galvão que em 2009 realizou uma pesquisa de mapeamento da oportunidades de negócios nas diversas regiões do Estado.

Além de faculdades, comércio e serviços, o setor hoteleiro de Cajazeiras ainda não conseguiu segurar a demanda com o ‘batalhão’ de representantes comerciais que de segunda a sexta-feira aportam no município com vendas dos mais variados produtos e serviços. Sorte para a jovem Samanda Martins Gonçalves, 23 anos, que na segunda experiência de trabalho recebe a proposta para gerenciar o Hotel Cajazeiras Confort, em janeiro deste ano.

“Comecei a trabalhar na área há dois anos e meio, mas não tinha experiência na linha hoteleira. Esse foi o meu segundo emprego e a proposta foi de cara impactante. Inicialmente, tive receio de assumir a função, mas sempre fui ousada e por gostar de coisas diferentes enfrentei”, diz Samanda, que cursa administração de empresas em Cajazeiras.

Segundo a gerente do Cajazeiras Confort, a contratação para o cargo guarda características do seu perfil. “Me identifico bastante com o público, gosto de interagir e de lidar com serviços burocráticos e isso facilitou a relação com o cargo”, detalhou Samanda, que aponta uma demanda crescente por vagas de hotéis de Cajazeiras. “Temos 20 apartamentos, mas se tivéssemos 50 durante a semana estava lotado diante da procura”, destaca.

O gerente do Sebrae de Cajazeiras, Fábio Jorge, diz que a área de hotelaria é outro setor que vem crescendo com o fluxo de pessoas circulando diariamente na cidade. “Temos mais dois empreendimentos no setor para ser inaugurado ainda este ano em Cajazeiras e isso traz oferta de empregos e de negócios”, revela o gerente.

 JPB