Paraíba vai às ruas protestar

Seguindo a onda de protestos em todo o país, ontem, sete cidades da Paraíba realizaram manifestações: João Pessoa, Campina Grande, Patos, Sousa, Cajazeiras, Pombal e Solânea.

Em Campina Grande, seis mil pessoas foram às ruas protestar pelo passe livre, a redução da tarifa de transporte coletivo, reformulação do sistema de transporte público, contra a privatização dos serviços públicos, contra a criminalização dos movimentos sociais, entre outras causas.

A mobilização começou com uma concentração na Praça da Bandeira, no Centro, onde a multidão ensaiou gritos de guerra e após as 17h seguiu em caminhada pela Avenida Floriano Peixoto.

“Se a tarifa não baixar, Campina vai parar” foi o lema principal do manifesto que passou pelo Terminal de Integração, Câmara Municipal, Praça do Trabalho até se dispersar no Açude Velho.

Durante três horas de caminhada, os manifestantes expuseram, cada um, suas bandeiras de luta. Houve quem protestasse contra a falta de investimentos em educação, quem reclamasse pelos grandes recursos destinados para a construção de estádios de futebol para a Copa do Mundo e também quem defendesse o julgamento dos torturadores da ditadura militar que ainda estão vivos. Outros participaram vestidos com fantasias de super-heróis e máscaras.

Por onde passou, o protesto recebeu apoio de mais pessoas. Das sacadas dos prédios instalados no percurso da manifestação, a população que não foi às ruas expôs seu apoio a seu modo, acenando, pendurando faixas, cartazes e a bandeira nacional nas janelas dos apartamentos, bem como reforçando os gritos de guerra.

Os organizadores da mobilização buscaram manter a ordem durante todo o percurso do protesto. Apesar disso, em alguns momentos houve pequenos tumultos. Alguns manifestantes jogaram bombas palito em alguns trechos por onde a mobilização passou, mas logo foram repreendidos pela equipe de organização do movimento. Ninguém ficou ferido.

Um pequeno grupo que participou das manifestações invadiu o Terminal de Integração. O ato foi criticado pelo grupo que comanda o protesto. Os invasores foram vaiados pela maioria das pessoas que seguiram participando do movimento. A imprensa que trabalhava na cobertura do evento foi hostilizada por participantes do protesto.

Uma equipe da TV Paraíba foi cercada por manifestantes quando fazia imagens no momento da concentração na Praça da Bandeira. Ao longo do percurso, outros profissionais foram xingados e intimidados por vários participantes do manifesto.

Ruas desertas e policiais de prontidão
Diante da grandiosidade da manifestação organizada pelo grupo campinense do Movimento Passe Livre (MPL), que mobilizou milhares de pessoas para o protesto, Campina Grande parou desde o início da tarde. Temendo atos de violência semelhantes aos que foram vistos em várias partes do país, os comerciantes da cidade fecharam as portas dos seus estabelecimentos, seguindo recomendação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) para evitar prejuízos, caso houvesse tumulto e quebra-quebra.

Em plena tarde de um dia normal de quinta-feira, enquanto a manifestação não teve início, as ruas centrais de Campina ficaram desertas. A Superintendência de Trânsito e Transporte Público (STTP) recomendou que os motoristas alterassem seus trajetos e evitassem passar pelo Centro da cidade para não encontrar dificuldades na saída do trabalho e retorno para casa.

O protesto também alterou a programação cultural da cidade. Atividades que seriam realizadas no Teatro Municipal Severino Cabral (TMSC) foram canceladas. Os ônibus deixaram de circular desde as 15h e o Terminal de Integração ficou aberto, mas sem movimentação interna. Escolas e universidades suspenderam as aulas do turno da tarde.

Já durante a manifestação, muita tranquilidade. De acordo com a polícia, apenas pequenos furtos foram registrados e um adolescente chegou a ser apreendido pela Polícia Militar, que atuou com centenas de homens para garantir a segurança e a ordem do protesto. Todo o itinerário contou com a presença dos policiais e em pontos como o Terminal de Integração e Câmara Municipal também houve a presença de equipes da guarda municipal. Equipes da cavalaria também atuaram na segurança do protesto.

Manifestação no Sertão e Brejo
Além de Campina Grande, outras cidades do interior também realizaram as manifestações que tomaram conta de todo o país no fim da tarde de ontem.

No Sertão, o 'Acorda Patos' levou a população às ruas da cidade reivindicando melhorias para a saúde, educação, transporte público e segurança. Os protestos duraram aproximadamente quatro horas. De acordo com a Polícia Militar, o protesto foi considerado pacífico. Uma outra manifestação está marcada para acontecer amanhã, saindo da praça Edvaldo Mota em direção à prefeitura.

Na cidade de Sousa, o protesto acabou por volta das 19h sem nenhum registro de ocorrência policial. A manifestação foi pacífica e na ocasião cerca de 1,5 mil manifestantes foram às ruas do centro da cidade para protestar contra a PEC 33 e 37, a saída de Renan Calheiros da presidência do Senado e revogação do aumento da passagem.

Em Cajazeiras e em Pombal, também no Sertão do Estado, o ato foi marcado pela tranquilidade. Conforme informações policiais, todas as manifestações foram pacíficas. Além da redução das tarifas dos transportes públicos, melhorias nas áreas da educação e da saúde também foram pauta das reivindicações que duraram em média três horas.

Em Solânea, no Brejo do Estado, também houve manifestação pacífica.

Tatiana Brandão-Jornal da Paraiba